terça-feira, 21 de abril de 2009

A minha escolha é:


O professor de Filosofia tentava explicar uma coisa sobre relatividade, e isso era no ano de 2005. “Dor de cotovelo dói em qualquer canto do mundo, no bairro, no subúrbio... No entanto, uma coisa é ter dor de cotovelo e chorar no fundo de uma rede, outra coisa é ter dor de cotovelo e chorar em uma cama estilo colonial, com lençol de mil fios”. Eu não concordo com esse discurso, se você chora e esse choro faz o coração bater doído e parece que cada lágrima pesa 100 toneladas. Vai doer igualzinho, irmão.


Minha frase é: “Uma coisa é ter dor de cotovelo e ficar em casa, roendo as unhas, de olho no telefone e na panela de brigadeiro borbulhando no fogão, outra coisa é ter dor de cotovelo e sair com as amigas, digo: as melhores” A diferença não é o lugar, a condição financeira, ou com o que você se embrulha. O que torna essa situação relativa é o que você faz para melhorar. Eu tinha um universo de possibilidades, e isso não é privilégio só meu. Todo mundo tem. Embora, dentre todas essas possibilidades, não contenha simplesmente a opção: Não sentir dor e ponto. Existe “amenizar a dor e ponto”. Claro, que isso é bastante pessoal. Tem gente que ameniza a dor indo passear com o cachorro, pintando telas, fazendo compras, estudando (AI eu pergunto: Porque eu não nasci nessa classe, Senhor?).


A minha forma de amenizar dor é ficar em boa companhia, e não importa tanto o lugar. O que importa são as carinhas marcadas que eu vou olhar, quando eu fizer mentalmente o apelo: Divirtam-me! Ontem, a noite pedia por diversão, éramos, inicialmente, cinco no mesmo barco, todas semi naufragadas na praia do amor. Depois éramos três, o grupo seleto se reconstituindo, baseado no que já foi um dia.


As coisas estavam desconexas demais, já não tínhamos mais a mesma mentalidade de alguns anos (quando se consolidaram as saídas milagrosas), nem a mesma sintonia (quando toda hora nos comunicávamos sobre tudo). Mas tínhamos, sobretudo, a empolgação do reencontro, a expectativa de observar as mesmas caras, com os mesmos apelos. Quando eu falei que não importava o lugar, não importava de verdade. Sou um peixinho fora d’água em certos ambientes, e estava fora do meu aquário, naquele. Era um peixe que tinha sede de águas oceânicas. Em dia de chuva, peixinho que sou, só encontrei lama. Tava na lama com as melhores, tava fazendo daquilo meu oceano.


E quando um peixe escuta borbulhas de amor, principalmente o trecho que diz: “canta coração, que esta alma necessita de ilusão” tudo desanda, literalmente. E desandou. Ai consiste tudo que merece ser esquecido. Tudo que eu espero que vire gargalhada daqui a um tempo. Porque sempre vira.


Soluço com notícia desastrosa (de caráter inverossímil) devia virar susto e xô soluço, respectivamente. Mas tou falando da Jéssica Monteiro, da pessoa que libera mais água do que as chuvas do mês de Março. E principalmente, da pessoa que chora e sorri, simultaneamente. “Sorria, Jessiquinha, mas não tanto as pessoas vão perceber”. “Nina, sua mentirosa, eu poderia afundar todo mundo aqui”. Era por uma boa causa. Eu sou peixe, preciso de água.


Na verdade, tudo que eu precisava, eu consegui. Reencontrar naquelas circunstâncias as duas pessoas com quem eu mais amenizei dores do coração. As dores, as dores... Continuam em seu lugarzinho cativo latejando de fininho, mas eu consegui por alguns instantes esquecer tudo aquilo. Consegui compartilhar um momento de amor. E não dizem que pra superar um amor, só outro? Tá que não é do mesmo departamento, né? Mas deu pra aliviar bacana.


Eu poderia ter ficado em casa e jogado Donkey Kong 2. E tudo ia permanecer na mesma. Sem brigas da mamãe, sem dores de cabeça, sem sede excessiva. Entretanto, eu fiz uma escolha, do universo de escolhas que me assistia, com toda relatividade que sempre envolve.


Se eu tivesse que declarar uma lista de lucros e dividendos sobre a noite passada, ela não teria fim. Mas como o sono bateu, e minha cabeça ainda não se recuperou de tanta ”aceleração de pensamento”. Escrevo depois sobre o risco de escutar Fagner em momentos delicados e como é engraçado ver a Jéssica sorrindo pra linha do horizonte e a Raissa fazendo um escudo humano pra estacionar.


Uma definição do relativo momento: “Tenho um coração, dividido entre a esperança e a razão. Tenho um coração, bem melhor que não tivera...”
- Vá Fagner, você que ferrar minha vida, malandrinho...

7 comentários:

  1. Nina, sua cretina, você vai ver o que vai acontecer à você se você se aproveitar da minha fragilidade mais uma vez...! Fica aqui registrado o aviso, viu?!

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  2. Fagner... Muuito é shoooooooww!! hauhuahuahuah

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  3. Tudo bem, tudo bem... Mas isso não minimiza em nada o fato de que ela quase me fez chorar!

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  4. Rodrigo, também acho Fagner muito show. Mas ele tá super afim de me detonar!

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  5. digno. xD

    Nina deu show aí nesse texto :}

    \o\

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