domingo, 29 de março de 2009

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** Texto redigido e enviado ao final de 2007

Sabe de uma coisa, apesar de já terem passado dois meses desde o final das férias, ainda não consegui entender muita coisa. Quando penso que está tudo resolvido, que já decifrei meus pensamentos e sentimentos, vem você e bagunça rapidinho o que eu levei um tempão pra pôr no lugar. Houve momentos que achei que era carência [assim que a gente terminou, quando eu fiquei sozinha], em seguida achei que você era meu amigo e que ia ficar tudo bem. Mas aí um dia eu senti ciúmes...

Descobri que daria muita coisa pra entender o que de fato se passa na sua cabeça, e talvez mais ainda pra saber o que se passa na minha. Queria saber até onde vai a sua suposta ‘verdade’ e porque tantas vezes você beira a estupidez.

Mas o mais confuso ainda é porque, mesmo sabendo de tudo isso, eu ainda me sinto tão bem quando converso com você.

A cada conversa ao telefone que a gente tem, você entrega um pouco mais seu jogo e me deixa mais certa de que o melhor a se fazer é partir pra outra, deixar pra trás esse vestígio de sofrimento que tive, e descobrir logo qual a lição que devo aprender dessa vez. E sim, eu já até mesmo ‘parti pra outra’, literalmente, mas não consigo explicar bem ao certo porque no final das contas é com você que gosto de conversar e porque isso faz tanta diferença pra mim.

Cara, pra mim foi o cúmulo ouvir você me propor pra ser a ‘outra’. Nossa, foi ao mesmo tempo cômico, espantoso e decepcionante. Sabe, eu não me admiraria tanto se você sugerisse isso pra alguém que ficou com você uma vez perdida, mas nós namoramos e essa proposta anda longe de ser algo que eu gostaria de ouvir. É como a prova concreta de que comigo não foi diferente, que você me tratou exatamente como trata todas as meninas; eu fui um mero passatempo.

Tá certo que em um dado momento eu cheguei quase a pensar que queria ficar com você não importassem as circunstâncias. Mas não demorou pra eu perceber que você não valia se quer meu orgulho, quem dirá minha consciência.

Sabe quando a pessoa se sente um ‘coisa’?! Uma coisa, do tipo: ‘qualquer coisa’?! Pois bem, foi exatamente assim que você fez eu me senti quando ouvi você falar tão naturalmente, quase num tom de brincadeira, que queria que eu entrasse para o grupinho das suas amigas que você ‘pega’, que tinha que ser sem ninguém saber e coisa parecida... Acho que você não tem noção do que você me propôs. Sou um ser humano e como tal sou feita de sentimentos, sabia?!

E vou te dizer uma coisa: foi quando você disse isso que eu percebi que quando eu te liguei uns dias atrás, pra te contar da minha aflição a respeito do assalto aqui em casa, eu poderia na verdade ter ligado pra qualquer outra pessoa que fosse meu amigo, porque eles iriam me dar total atenção e depois eu não me sentiria mal por ter escutado coisas tão idiotas.

Não costumo me arrepender das coisas que faço não, mas se há uma coisa de que queria corrigir foi a forma que te tratei. Porra, eu sempre fui tão franca com você. Eu abri o jogo, coloquei as cartas na mesa sem medo porque esperava que você fizesse exatamente a mesma coisa comigo. Houveram sentimentos, sabia?! Eu me envolvi com você, cada palavra, cada gesto, foi tudo da mais pura franqueza. Sem exageros, mas eu abri meu coração e minha mente pra você. Pensei que a recíproca fosse verdadeira, mas eu tive uma triste surpresa.

Foi decepcionante, sabia?! O dia que tudo começou eu parei pra pensar: “Cara, que legal, ele é o que eu sempre quis. É acima de tudo um amigo, adoro conversar com ele, a gente se diverte e ele me ajuda. Poxa, tomara que dê tudo certo entre a gente, vou me esforçar pra não errar bestamente.”

Foi então que você surgiu com esse joguinho de me dá beijos surpresas, me dá buquê de jujubas, dizer que gosta de conversar comigo, lembrar de datas e me ligar de madrugada pra dizer que tava com saudades. Pra que?! Isso não é divertido, não consigo entender o porquê disso. Cara, não se brinca assim com as pessoas não, eu confiei em ti e isso era o que eu mais gostava, era o teu diferencial porque eu nunca havia confiado assim em nenhum outro menino. Eu te achava o máximo e você só se divertindo as minhas custas. E hoje eu só quero ser indiferente a ti, é tudo que eu quero, esquecer que você passou por mim.

Quando eu disse que sabia que a gente não ia voltar no segundo semestre, não pensei que fosse ganhar essas proporções. Achei que você fosse lutar pra me provar que eu tava errada, que a volta fosse melhor que a primeira vez.

Engraçado, se me perguntarem se eu te desejo o mal, vou dizer apenas que desejo que você sinta na pele as coisas que você causa aos outros, porque só assim você vai entender o real sentido de “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você”.

Bem... Agora eu vou seguir o meu caminho, porque eu cansei de te esperar. Não preciso de você, não mesmo, só demorei um pouco pra perceber isso. Vou procurar alguém que seja ao menos verdadeiro comigo.

Como já mencionei, não sei quando você vai ler isso. Só não me procura mais porque eu vou tá tentando fazer exatamente o mesmo. Quer dizer, me procura sim, mas me procura só se for pra me falar alguma coisa que eu ainda não saiba, a verdade, por exemplo. Caso contrário, esquece o que aconteceu entre a gente, simplesmente faz esse favor pra mim e esquece.


P.S. Sinto saudades de você, mas sinto mais saudades ainda da pessoa que eu era antes de te conhecer.

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