segunda-feira, 15 de junho de 2009

A minha pessoa


- Ele é uma extensão de mim.

Foi assim que o defini. Simples. Compacto. Perfeito pra nossa relação. E continuei o papo informal, entre uma dose e outra do meu suco preferido e lembranças desgovernadas. Exaltando suas qualidades, contando orgulhosamente casos e acasos dos cinco iniciais anos de amizade.

- Mais importante do que apresentar alguém pro meu pai, é apresentar esse alguém a ele. É, ele é a minha pessoa.

E me peguei suspirando fundo mais uma vez, sentindo a satisfação entrando por meus pulmões. Junto com aquilo tudo, vieram também mais memórias. As boas e gostosas recordações. Aquelas que fazem a gente sentir uma pontinha de saudade acompanhada com um desejo enorme de replay.

- Ele esteve presente quando meus príncipes viraram sapos. E até em alguns raros casos onde os anfíbios se transformaram em membros da realeza.

E desisti de me concentrar na conversa que tomou um rumo desconhecido por mim. Fiquei apenas comigo mesma, aproveitando atônita os nossos melhores momentos. Ou os piores, que depois sempre acabavam resultando em boas risadas. Como um certo aniversário onde ele era meu príncipe ausente ou uma certa festa onde ele foi de bom grado meu objeto.
Houveram promessas também. Claro, sempre há. Prometi, por exemplo, que ele será o padrinho do meu primeiro filho. E também há aquela clássica: “A gente vai pro baile da terceira idade juntos, tu com tua esposa chata e eu com meu marido rabugento. Mas tem problema não, dançamos um forrozinho juntos.
Meu irmão. Sempre desejei um quando criança e o ganhei de presente. Bem melhor do que encomenda. Fizemos planos, devaneios na maioria das vezes. No terceiro ano planejamos nos mudar pro Maranhão, estudar e morar juntos. Ele lavaria a roupa e eu faria a comida. Ao fim da discussão, quando concluímos que isso não tinha como dá certo, decidimos mesmo comprar comida congela e mandar lavar a roupa na lavanderia.

Num grito de alerta, acabei despertando da viagem no túnel do tempo e retornando pra realidade onde uma aula indesejada me aguardava. Mas antes disso, pagar o suco de maracujá sem leite era no mínimo um ato de cidadania... E fui pro caixa. Ao abrir a carteira, estava ele, a minha pessoa em uma foto 3x4 que me acompanha desde muito tempo. Sempre presente.

- Eita lezado que eu amo!

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